De: Vanessa Mariot Pedro
A matemática vem sendo
reconhecida como um “monstro” diante dos alunos, suas notas baixas, a
reprovação e o que podemos considerar como medo da matéria vem sendo firmado
desde os primeiros anos de estudo.
Lorenzato (2006, p.1) diz que “o sucesso ou o fracasso dos alunos diante
da matemática depende de uma relação estabelecida desde os primeiros dias
escolares [...]”.
Uns dos principais
causadores desse arrombamento nas disciplinas de matemática são provenientes de
professores incapacitados, ou seja, não detentores de conhecimentos suficientes
para que possa transmitir para o aluno, e que o mesmo possa estar então
compreendendo realmente o conteúdo.
Há professores que apenas
dão as aulas, vão para uma sala de aula sem ao menos conhecer o conteúdo que
esta abordando, ou se preocupando com a aprendizagem dos alunos; os alunos por
não entender o que esta se passando acabam gerando uma falsa idéia sobre a
matemática, a idéia de que ela sempre é difícil e complicada. Dar aulas e
ensinar são relações diferentes, pois o ensinar e dar oportunidade ao aluno
estar adquirindo o verdadeiro conhecimento e podendo então estar estabelecendo
relações com a matemática. (LORENZATO 2006)
“Considerando que ninguém
consegue ensinar o que não sabe, decorre que ninguém aprende com aquele que dá
aulas sobre o que não conhece” (LORENZATO, 2006, p.3) , os alunos têm por
direito aprender, pois para isso a escola esta aberta, para dar oportunidade ao
conhecimento, e para isso tem o professor para que esse seja realizado.
Martins (2007) diz que a
formação do educador interfere no aprendizado do aluno, dizendo que é
“crescente a importância da subjetividade do professor, tendo em vista o papel
de sua expressão tanto no que se refere a sua formação quanto ao seu exercício
profissional” (p.9). É dever do
professor propiciar um aprendizado significativo e coerente aos alunos.
No entanto, essas
deficiências em matemática, que os alunos acabam adquirindo, permeiam por toda
a sua vida, ou seja, para eles a matemática sempre continuará algo sem utilidades
e significados.
Lorenzato (2006, p.5) cita
alguns itens importantes, onde diz o que é ser professor para que o mesmo possa
transmitir o conhecimento aos seus alunos:
· A respeito de cada
assunto a ser ensinado, todo professor precisa conhecer mais do que deve
ensinar...e deve ensinar somente aquilo que o aluno precisa ou pode aprender;
· O professor não tem a
obrigação de a tudo saber responder corretamente, no momento da indagação, mas
deve ter a humildade de dizer “não sei, mostrar disposição de procurar uma
resposta adequada `a questão e de informá-la aos alunos;
· Geralmente se
referindo ao ensino de geometria, é comum professores se dizerem com o direito
de não ensiná-la por se sentirem inseguros; não conhecer o assunto a ser
ensinado não gera direitos ao professor, e sim, o inevitável dever de aprender
ainda mais.
O que não pode acontecer na
educação, é uma comodidade, entre as duas partes, tanto de alunos, quanto de
professores, ou seja, “uma ilusão em cadeia, professores pensando ter ensinado
e os alunos convictos de que sabem alguma coisa” (WERNECK, 1998, p. 14).
A matemática vem nas últimas
décadas trazendo o que podemos chamar de moda. Já vimos professores passarem
por diversas correntes de pensamento intuicionista, empirista e formalista. A
geometria é o que mais se defasou nessas passagens, pois, ela até algum tempo
era desconexa e apresentada apenas por teoremas sem sentidos para os alunos.
Não podemos levar a moda como um aspecto negativo, pois é ela que esta levando
educadores a uma reflexão sobre as diversas correntes (LORENZATO, 2006).
Os professores devem estar
buscando melhoramentos para seus alunos, independente de que maneira irão
fazer. Lorenzato (2006, p.8) diz que “cabe aos professores a análise dos
modismos e, sempre tendo em vista a procura do que pode ser melhor para seus
alunos, tentar separar, no antigo, aquilo que é antiquado, e, na moda, aquilo
que é conveniente, pois nem sempre a novidade é boa, e nem sempre o que é
antigo é ruim”.
Tentativas frustradas de
inovação fazem que os professores levem para a sala de aula, materiais de apoio
e didáticos, mas esses de nada adiantaram se não forem ensinados
significadamente. Como um livro não garante a aprendizagem de um aluno, um
objeto como demonstração também não garantirá. O professor deve estar se
atualizando para que os seus objetivos sejam alcançados.
A formação dos professores é
de suma importância, pois é ela que orienta o profissional docente para o
inicio de sua carreira, mas não podemos descartar sua experiência em sala de
aula, pois este também conta como uma aprendizagem que não temos durante o
período de faculdade.
Para Lorenzato (2006, p.9):
Muito
do que o professor sabe ou precisa saber para bem de desempenhar a sua função,
ele não aprende nos cursos de formação de professor. Escolas e livros, por
melhores que sejam, não conseguem oferecer os conhecimentos que o professor
adquire por meio de sua prática pedagógica. A sabedoria construída pela
experiência de magistério, além de insubstituível, é também necessária para
aqueles que desejam aprender, de modo significativo, a arte de ensinar.
Com a experiência o
professor, começa a identificar com mais facilidade as dificuldades dos alunos
perante aos conteúdos abordados, de que maneira ele pode estar trabalhando o
mesmo para que o aluno aprenda significadamente. Para Lorenzato (2006, p.9) “a
experiência de magistério é fundamental para a orientação didática do
professor, porque ela aguça a percepção docente. Mas essa experiência nada
adianta se o professor não fizer uma reflexão sobre os seus atos dentro da sala
de aula”.
Podemos chamar de professor
aqueles que sempre estudam, e se atualizam, pois um diploma apenas não torna o
professor mais eficiente em sala de aula. Escutamos freqüentemente, nas salas
de professores as seguintes indagações, leio apenas o que gosto; prefiro um
livro de romance ao invés de um de educação; já estou formada(o) e é isso que
importa, já li o bastante para fazer o meu TCC. No entanto, levando em conta
que a educação sempre está em constante avanço, o que diríamos desses
professores quanto à educação? “Cabe ao professor se manter atualizado, é
fundamental que ele possua ou adquira o hábito da leitura, além da constante
procura de informações que possam melhorar sua prática pedagógica” (LORENZATO,
2006, p.11).
Por outro lado, com a baixa
remuneração, e o pouco tempo disponível para o professor, manter-se atualizado
esta sendo uma tarefa impossível.
O professor também teve um
período transitório durante esses últimos anos, pois de autoritário,
sarcástico, impaciente e inadmissível diante seus erros, hoje, bem diferente alguns
professores tentam fazer com que as aulas sejam dialogadas entre professor e
aluno. Lorenzato (2006) relata que no passado, a profissão de professor era
sinônimo de autoritarismo, tanto dentro quanto fora da sala de aula.
Alguns professores não admitiam
o seu erro, tornando-se assim proprietários da verdade, sem que essa pudesse
ser questionada, e o aluno, sem outra opção, tinha que obedecer e ouvir, assim
diante de suas dúvidas os alunos preferiam ficar com elas ao invés de perguntar
ao professor. “Quando a disciplina eleva-se em padrões de autoritarismo, não
estamos educando, mas corrompendo. A disciplina sadia leva à tomada de
consciência dos próprios atos” (OLIVEIRA, 2007, p.25).
Por esta razão o mito de que
a matemática não tem sentidos e é sem significados foi se alastrando. Pois para
um aluno que não podia perguntar, ou se expressar, a mesma não teria nenhum
significado.
Lorenzato (2006, p.15) diz
que:
Se acreditarmos que
só o individuo consegue construir seu conhecimento e se desejamos auxiliá-lo a
transformar-se num cidadão, então é preciso permitir e incentivar que nossos
alunos se pronunciem em nossas aulas, pois não é lógico nos atermos ao “que,
como, por que e quando” ensinar sem procurar conhecer “a quem ensinar”.
O professor deve estar
estimulando os alunos a falarem, mas de maneira que não esteja pressionando-o,
pois cada aluno tem uma maneira diferente de se expressar, essa, no entanto,
pode ser de maneira discreta ou conversando abertamente com os colegas.
Lorenzato (2006, p.16) diz que “mais do que deixar os alunos falarem, é preciso
saber ouvi-los”. Não adianta o professor dar espaço em sua aula para o aluno
estar se expressando, se não considera isso como algo de sumo importância.
Os discentes quando chegam à
sala de aula, não chegam apenas como alunos e sim como pessoas que tem uma
história, um modo de viver, costumes que podem ser diferentes dos nossos.
Na
pratica pedagógica, aproveitar a vivência do aluno pode também se referir a
aproveitar o conhecimento de um aluno para auxiliar outro, pois às vezes,
quando um não consegue fazer um exercício, resolver um problema, responder a
uma pergunta, entender algo que o professor disse, basta uma palavra ou frase
de um colega para que tudo se torne fácil. (LORENZATO, 2006, p.25)
O aluno quando visto pelo
professor não apenas como um mero aluno e sim visto como pessoa reflexiva em
si, e que possui características individuais, as aulas de matemática tornam-se
mais acessíveis, pois os alunos poderão tirar duvidas e o professor aceitará os
seus erros.
Há professores que ao
ensinar “pulam” partes importantes que serviriam para a significação do aluno,
não levando em consideração que o aluno precisa dessas informações para melhor
aprender. “Às vezes nós professores parecemos tão preocupados em ensinar que
não temos paciência para esperar que os alunos aprendam” (LORENZATO, 2006, p.
29).
O que parece fácil ao professor pode parecer
extremamente difícil ao aluno, pois este não tem a experiência de magistério, e
não verá este conteúdo repetitivamente todos os anos. Em alguns momentos
podemos dizer que os professores “pulam” alguns conteúdos afirmando que esses
não são importantes aos alunos, mas na verdade é o professor que não o domina;
Lorenzato (2006, p. 29) afirma neste sentido que os professores acabam saltando
etapas no ensino por desconhecimento minucioso do conteúdo, ou por não utilizar
a melhor estratégia didática, ou por falta de material didático adequado.
As escolas deveriam ter um
laboratório de matemática, onde os alunos e professores pudessem estar
confeccionando materiais didáticos, para auxiliar na aprendizagem e na
significação dos conteúdos para os alunos. Apenas dizer que a escola não tem
recursos, ou que o tempo é limitado, não resolve os problemas que os alunos têm
com a matemática.
Problemas esses que vão
desde o reconhecimento dos símbolos matemáticos, até a uma simples adição e
subtração, pois como saber que o aluno sabe realmente o que esta fazendo, ou se
ele apenas decorou? Não devemos saltar as etapas de ensino, e sim seguir o
curso natural da aprendizagem, pois sabemos que nossos alunos têm o tempo de
aprender, não podemos ensinar integral a um aluno de primeira série, pois este
ainda não viu os conceitos necessários para aprender o mesmo. Lorenzato (2006,
p.30) diz que:
...Devemos seguir
o curso natural das coisas, isto é, reconhecer que a cultura do meio onde vivem
nossos alunos influencia na aprendizagem escolar que eles podem alcançar; que
aproveitar a vivencia deles pressupõe o reconhecimento de que ela influencia no
modo de pensar dos alunos, como produtora que é dos saberes que servirão de
base para a aquisição do saber elaborado a ser ensinado pela escola.
As dificuldades encontradas nos alunos nunca são iguais,
pois eles são diferentes em suas individualidades, e em sua maneira de pensar.
Também como professores podemos notar que os alunos são diferentes, ou seja, em
uma sala de aula, ou de uma turma para outra, “os homens são essencialmente
diferentes, não se repetem; cada individuo é único” (SAVIANI, 2003, p.8), no
entanto podemos concluir que as maneiras de ensinar também devem ser
diferentes, pois cada aluno tem uma maneira individual de aprender.
Lorenzato (2006, p.33) afirma que “já se foram
os tempos em que os alunos, por serem considerados iguais em cada turma, eram
tratados igualmente como meros expectadores e avaliados pelos mesmos critérios,
ocasionando efeitos educacionais negativos nos alunos”. Mas infelizmente nem
todos os professores são assim, pois ainda no meio educacional existe sim professores
que consideram os detentores da verdade, e que os alunos são caixas vazias.
Devemos considerar como
professores de matemática que nem todos os alunos têm facilidade para aprender
a mesma, mas isso não significa que eles não tenham facilidade para aprender
outra matéria, aqueles que podem não ter um bom desempenho em matemática, podem
ser ótimos em português.
O que fazer nesta situação em posição de professor? Como
fazer para que o aluno aprenda matemática? “Como reconhecimento de que os
alunos possuem diferentes características, cabe ao professor favorecer o
desenvolvimento das potencialidades deles por meio da utilização de diferentes
recursos didáticos, sejam eles manipulativos visuais ou verbais,...”
(LORENZATO, 2006, p.35).
Mas não devemos considerar o
simples acerto, como aprendizagem e sim como um processo da mesma. “Isso porque
o acerto dos alunos nem sempre é resultado de compreensão, e porque o simples e
o evidente podem ser considerados pelo professor como merecedores de pouco ou
de nenhuma explicação aos alunos” (LORENZATO, 2006, p. 39), ou seja, o
professor deve estar ensinando todas as etapas ao aluno, mesmo essa sendo
considera fácil para o professor, mas para o aluno ainda é novo, e ele precisa
dessa etapa para estar fazendo a ponte da significação com os conteúdos. “O que
é obvio para alguns pode ser surpreendente para outros. Nas aulas de
matemática, quase tudo provavelmente é obvio para o professor e quase tudo é
novidade para os alunos” (LORENZATO, 2006, p.40).
Por isso devemos reforçar a
idéia de que o professor deve estar sempre ensinando todos os conteúdos
significadamente, não deletando nenhuma etapa, pois essa é importante para a
aprendizagem do aluno, e para a interação e a significação dos conteúdos, um
detalhe apenas pode fazer com que o aluno não compreenda a matéria. Em sala de
aula o professor deve estar usando todos os métodos didáticos possíveis para
que o aluno aprenda realmente, por exemplo, ensinar o volume da pirâmide
quadrangular apenas falando, para alguns alunos essa pode ficar sem sentido,
mas se demonstrar após a conceituação, os alunos podem estar percebendo o
sentido da fórmula. “Essas situações indicam que nós professores, precisamos
sempre ter em conta que o acerto pode camuflar o erro e, também, aquilo que é
simples ou evidente, para nós, geralmente não o é para os alunos” (LORENZATO,
2006, p. 42).
Uma das grandes dificuldades
encontradas por professores e alunos, é a linguagem matemática, essa pode
dificultar a aprendizagem significativa, se os professores não a ensinarem bem.
Vários símbolos e palavras ainda são desconhecidos pelos alunos, por exemplo,
quando falamos em paralelo, o aluno não assimila o que isso quer dizer com a
figura. Mas segundo Lorenzato (2006, p.44) “foi justamente o simbolismo que
internacionalizou a linguagem matemática”, ou seja, é esse simbolismo que
facilita a compreensão de qualquer matemático, de qualquer parte do mundo.
Mas entre a linguagem existe
outro problema que assunta os professores de matemática esse, no entanto, é o
que podemos denominar por erro. O erro pode ser visto de várias maneiras
dependendo da concepção do professor; mas na maioria das vezes é visto como
algo negativo. “Essa tradição social influenciou nos paradigmas educacionais,
os quais por sua vez, interferiam na maneira de a escola interpreta os erros
dos alunos, referentes à aquisição de conhecimentos” (LORENZATO, p.49). Não era
levado em consideração o estado físico e emocional dos alunos, ou desempenho
deste em sala de aula. Hoje os alunos são avaliados como um todo, tanto em seu
desenvolvimento em sala de aula quanto às avaliações com “notas”.
O erro também pode ser um
suporte ao professor para saber onde esta as maiores dificuldades dos alunos, e
com ele ajudar o aluno a não repetir tais aquisições.
Talvez o erro tenha tanta
influência, sobre os alunos pois a matemática é uma matéria de acertos, e esse
quando não realizado pode denegrir o aluno. Quando se fala em acerto, não se
quer falar sobre a matemática ser exata e sim dos exercícios propostos aos alunos.
Quando o aluno começa a ver o erro não como algo ruim e sim ferramenta de
aprendizagem ele passa a observar a matemática com outros olhos. Lorenzato
(2006, p.81) diz que “o emprego da descoberta como recurso didático eficiente
para a aprendizagem (...) por reconhecer que aprender é ato a ser realizado
pelo aprendiz”.
No entanto para o professor
estar auxiliando o aluno a aprender significadamente os teoremas e pressupostos
matemáticos, ele deve ser o primeiro a estar se preocupando com os recursos que
ira utilizar, como por exemplo a escolha do livro didático, a demonstração dos
significados dos conteúdos para os alunos, reflexão de seus atos em sala de
aula, e ao aluno cabe, a atenção e a vontade de aprender, pois de nada adianta
o professor estar ensinando significadamente se o aluno não colabora.
Devemos descartar o senso
comum do meio educacional, que Saviani determina da seguinte maneira:
Os alunos
freqüentemente formulam aos seus professores a objeção: esse curso esta muito
teórico, precisa ser mais prático. Os professores, de modo especial quando se
encaminham propostas de reorganização do ensino, de reforma da organização
escolar, dos processos curriculares etc., tendem também a responder: isto é
teoria, não muda nada, vai ficar tudo do mesmo jeito!
Professores e alunos devem juntos ter
interesse para que os conteúdos de matemática sejam entendidos e ensinados
significadamente.
“Nós professores, temos com vistas às nossas atividades
profissionais: a de darmos aula e/ou a de formamos pessoas; a primeira
corresponde a uma questão de oportunidade e a segunda, a uma vocação”
(LORENZATO, 2006, p.121).
REFERENCIAL
TEÓRICO
LORENZATO,
Sérgio. Para aprender matemática.
Campinas, SP: Autores Associados, 2006.
MARTINS,
Lígia Márcia. A formação social da
personalidade do professor: um enfoque vigotskiano. Campinas SP: Autores
associados, 2007.
OLIVEIRA,
Paulo E.. educar para a vida.
Petrópolis, RJ: editora vozes, 2007.
SAVIANI,
Dermeval. Escola e democracia. 36 ediçao. Campinas, SP: autores associados,
2003.
SAVIANI,
Dermeval. Pedagogia histórico- crítica.
9 ediçao. Campinas, SP: autores associados, 2005.
WERNECK,
Hamilton. Se você finge que ensina, eu
finjo que aprendo. 15 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.
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