quarta-feira, 7 de março de 2012

PROFESSORES DE MATEMÁTICA E ALUNOS: EM BUSCA DA SIGNIFICAÇÃO DOS COTEÚDOS


De: Vanessa Mariot Pedro 

A matemática vem sendo reconhecida como um “monstro” diante dos alunos, suas notas baixas, a reprovação e o que podemos considerar como medo da matéria vem sendo firmado desde os primeiros anos de estudo.  Lorenzato (2006, p.1) diz que “o sucesso ou o fracasso dos alunos diante da matemática depende de uma relação estabelecida desde os primeiros dias escolares [...]”.
Uns dos principais causadores desse arrombamento nas disciplinas de matemática são provenientes de professores incapacitados, ou seja, não detentores de conhecimentos suficientes para que possa transmitir para o aluno, e que o mesmo possa estar então compreendendo realmente o conteúdo.
Há professores que apenas dão as aulas, vão para uma sala de aula sem ao menos conhecer o conteúdo que esta abordando, ou se preocupando com a aprendizagem dos alunos; os alunos por não entender o que esta se passando acabam gerando uma falsa idéia sobre a matemática, a idéia de que ela sempre é difícil e complicada. Dar aulas e ensinar são relações diferentes, pois o ensinar e dar oportunidade ao aluno estar adquirindo o verdadeiro conhecimento e podendo então estar estabelecendo relações com a matemática. (LORENZATO 2006)
“Considerando que ninguém consegue ensinar o que não sabe, decorre que ninguém aprende com aquele que dá aulas sobre o que não conhece” (LORENZATO, 2006, p.3) , os alunos têm por direito aprender, pois para isso a escola esta aberta, para dar oportunidade ao conhecimento, e para isso tem o professor para que esse seja realizado.
Martins (2007) diz que a formação do educador interfere no aprendizado do aluno, dizendo que é “crescente a importância da subjetividade do professor, tendo em vista o papel de sua expressão tanto no que se refere a sua formação quanto ao seu exercício profissional” (p.9).  É dever do professor propiciar um aprendizado significativo e coerente aos alunos.
No entanto, essas deficiências em matemática, que os alunos acabam adquirindo, permeiam por toda a sua vida, ou seja, para eles a matemática sempre continuará algo sem utilidades e significados.
Lorenzato (2006, p.5) cita alguns itens importantes, onde diz o que é ser professor para que o mesmo possa transmitir o conhecimento aos seus alunos: 

·    A respeito de cada assunto a ser ensinado, todo professor precisa conhecer mais do que deve ensinar...e deve ensinar somente aquilo que o aluno precisa ou pode aprender;
·    O professor não tem a obrigação de a tudo saber responder corretamente, no momento da indagação, mas deve ter a humildade de dizer “não sei, mostrar disposição de procurar uma resposta adequada `a questão e de informá-la aos alunos;
·    Geralmente se referindo ao ensino de geometria, é comum professores se dizerem com o direito de não ensiná-la por se sentirem inseguros; não conhecer o assunto a ser ensinado não gera direitos ao professor, e sim, o inevitável dever de aprender ainda mais.

O que não pode acontecer na educação, é uma comodidade, entre as duas partes, tanto de alunos, quanto de professores, ou seja, “uma ilusão em cadeia, professores pensando ter ensinado e os alunos convictos de que sabem alguma coisa” (WERNECK, 1998, p. 14).
A matemática vem nas últimas décadas trazendo o que podemos chamar de moda. Já vimos professores passarem por diversas correntes de pensamento intuicionista, empirista e formalista. A geometria é o que mais se defasou nessas passagens, pois, ela até algum tempo era desconexa e apresentada apenas por teoremas sem sentidos para os alunos. Não podemos levar a moda como um aspecto negativo, pois é ela que esta levando educadores a uma reflexão sobre as diversas correntes (LORENZATO, 2006).
Os professores devem estar buscando melhoramentos para seus alunos, independente de que maneira irão fazer. Lorenzato (2006, p.8) diz que “cabe aos professores a análise dos modismos e, sempre tendo em vista a procura do que pode ser melhor para seus alunos, tentar separar, no antigo, aquilo que é antiquado, e, na moda, aquilo que é conveniente, pois nem sempre a novidade é boa, e nem sempre o que é antigo é ruim”.
Tentativas frustradas de inovação fazem que os professores levem para a sala de aula, materiais de apoio e didáticos, mas esses de nada adiantaram se não forem ensinados significadamente. Como um livro não garante a aprendizagem de um aluno, um objeto como demonstração também não garantirá. O professor deve estar se atualizando para que os seus objetivos sejam alcançados.
A formação dos professores é de suma importância, pois é ela que orienta o profissional docente para o inicio de sua carreira, mas não podemos descartar sua experiência em sala de aula, pois este também conta como uma aprendizagem que não temos durante o período de faculdade.
Para Lorenzato (2006, p.9):
Muito do que o professor sabe ou precisa saber para bem de desempenhar a sua função, ele não aprende nos cursos de formação de professor. Escolas e livros, por melhores que sejam, não conseguem oferecer os conhecimentos que o professor adquire por meio de sua prática pedagógica. A sabedoria construída pela experiência de magistério, além de insubstituível, é também necessária para aqueles que desejam aprender, de modo significativo, a arte de ensinar.  
Com a experiência o professor, começa a identificar com mais facilidade as dificuldades dos alunos perante aos conteúdos abordados, de que maneira ele pode estar trabalhando o mesmo para que o aluno aprenda significadamente. Para Lorenzato (2006, p.9) “a experiência de magistério é fundamental para a orientação didática do professor, porque ela aguça a percepção docente. Mas essa experiência nada adianta se o professor não fizer uma reflexão sobre os seus atos dentro da sala de aula”.
Podemos chamar de professor aqueles que sempre estudam, e se atualizam, pois um diploma apenas não torna o professor mais eficiente em sala de aula. Escutamos freqüentemente, nas salas de professores as seguintes indagações, leio apenas o que gosto; prefiro um livro de romance ao invés de um de educação; já estou formada(o) e é isso que importa, já li o bastante para fazer o meu TCC. No entanto, levando em conta que a educação sempre está em constante avanço, o que diríamos desses professores quanto à educação? “Cabe ao professor se manter atualizado, é fundamental que ele possua ou adquira o hábito da leitura, além da constante procura de informações que possam melhorar sua prática pedagógica” (LORENZATO, 2006, p.11).  
Por outro lado, com a baixa remuneração, e o pouco tempo disponível para o professor, manter-se atualizado esta sendo uma tarefa impossível.
O professor também teve um período transitório durante esses últimos anos, pois de autoritário, sarcástico, impaciente e inadmissível diante seus erros, hoje, bem diferente alguns professores tentam fazer com que as aulas sejam dialogadas entre professor e aluno. Lorenzato (2006) relata que no passado, a profissão de professor era sinônimo de autoritarismo, tanto dentro quanto fora da sala de aula.
Alguns professores não admitiam o seu erro, tornando-se assim proprietários da verdade, sem que essa pudesse ser questionada, e o aluno, sem outra opção, tinha que obedecer e ouvir, assim diante de suas dúvidas os alunos preferiam ficar com elas ao invés de perguntar ao professor. “Quando a disciplina eleva-se em padrões de autoritarismo, não estamos educando, mas corrompendo. A disciplina sadia leva à tomada de consciência dos próprios atos” (OLIVEIRA, 2007, p.25). 
Por esta razão o mito de que a matemática não tem sentidos e é sem significados foi se alastrando. Pois para um aluno que não podia perguntar, ou se expressar, a mesma não teria nenhum significado.
Lorenzato (2006, p.15) diz que:
Se acreditarmos que só o individuo consegue construir seu conhecimento e se desejamos auxiliá-lo a transformar-se num cidadão, então é preciso permitir e incentivar que nossos alunos se pronunciem em nossas aulas, pois não é lógico nos atermos ao “que, como, por que e quando” ensinar sem procurar conhecer “a quem ensinar”.

O professor deve estar estimulando os alunos a falarem, mas de maneira que não esteja pressionando-o, pois cada aluno tem uma maneira diferente de se expressar, essa, no entanto, pode ser de maneira discreta ou conversando abertamente com os colegas. Lorenzato (2006, p.16) diz que “mais do que deixar os alunos falarem, é preciso saber ouvi-los”. Não adianta o professor dar espaço em sua aula para o aluno estar se expressando, se não considera isso como algo de sumo importância.
Os discentes quando chegam à sala de aula, não chegam apenas como alunos e sim como pessoas que tem uma história, um modo de viver, costumes que podem ser diferentes dos nossos. 
Na pratica pedagógica, aproveitar a vivência do aluno pode também se referir a aproveitar o conhecimento de um aluno para auxiliar outro, pois às vezes, quando um não consegue fazer um exercício, resolver um problema, responder a uma pergunta, entender algo que o professor disse, basta uma palavra ou frase de um colega para que tudo se torne fácil. (LORENZATO, 2006, p.25)
O aluno quando visto pelo professor não apenas como um mero aluno e sim visto como pessoa reflexiva em si, e que possui características individuais, as aulas de matemática tornam-se mais acessíveis, pois os alunos poderão tirar duvidas e o professor aceitará os seus erros.
Há professores que ao ensinar “pulam” partes importantes que serviriam para a significação do aluno, não levando em consideração que o aluno precisa dessas informações para melhor aprender. “Às vezes nós professores parecemos tão preocupados em ensinar que não temos paciência para esperar que os alunos aprendam” (LORENZATO, 2006, p. 29).
 O que parece fácil ao professor pode parecer extremamente difícil ao aluno, pois este não tem a experiência de magistério, e não verá este conteúdo repetitivamente todos os anos. Em alguns momentos podemos dizer que os professores “pulam” alguns conteúdos afirmando que esses não são importantes aos alunos, mas na verdade é o professor que não o domina; Lorenzato (2006, p. 29) afirma neste sentido que os professores acabam saltando etapas no ensino por desconhecimento minucioso do conteúdo, ou por não utilizar a melhor estratégia didática, ou por falta de material didático adequado.
As escolas deveriam ter um laboratório de matemática, onde os alunos e professores pudessem estar confeccionando materiais didáticos, para auxiliar na aprendizagem e na significação dos conteúdos para os alunos. Apenas dizer que a escola não tem recursos, ou que o tempo é limitado, não resolve os problemas que os alunos têm com a matemática.
Problemas esses que vão desde o reconhecimento dos símbolos matemáticos, até a uma simples adição e subtração, pois como saber que o aluno sabe realmente o que esta fazendo, ou se ele apenas decorou? Não devemos saltar as etapas de ensino, e sim seguir o curso natural da aprendizagem, pois sabemos que nossos alunos têm o tempo de aprender, não podemos ensinar integral a um aluno de primeira série, pois este ainda não viu os conceitos necessários para aprender o mesmo. Lorenzato (2006, p.30) diz que:
...Devemos seguir o curso natural das coisas, isto é, reconhecer que a cultura do meio onde vivem nossos alunos influencia na aprendizagem escolar que eles podem alcançar; que aproveitar a vivencia deles pressupõe o reconhecimento de que ela influencia no modo de pensar dos alunos, como produtora que é dos saberes que servirão de base para a aquisição do saber elaborado a ser ensinado pela escola.

                        As dificuldades encontradas nos alunos nunca são iguais, pois eles são diferentes em suas individualidades, e em sua maneira de pensar. Também como professores podemos notar que os alunos são diferentes, ou seja, em uma sala de aula, ou de uma turma para outra, “os homens são essencialmente diferentes, não se repetem; cada individuo é único” (SAVIANI, 2003, p.8), no entanto podemos concluir que as maneiras de ensinar também devem ser diferentes, pois cada aluno tem uma maneira individual de aprender.
 Lorenzato (2006, p.33) afirma que “já se foram os tempos em que os alunos, por serem considerados iguais em cada turma, eram tratados igualmente como meros expectadores e avaliados pelos mesmos critérios, ocasionando efeitos educacionais negativos nos alunos”. Mas infelizmente nem todos os professores são assim, pois ainda no meio educacional existe sim professores que consideram os detentores da verdade, e que os alunos são caixas vazias.
Devemos considerar como professores de matemática que nem todos os alunos têm facilidade para aprender a mesma, mas isso não significa que eles não tenham facilidade para aprender outra matéria, aqueles que podem não ter um bom desempenho em matemática, podem ser ótimos em português. O que fazer nesta situação em posição de professor? Como fazer para que o aluno aprenda matemática? “Como reconhecimento de que os alunos possuem diferentes características, cabe ao professor favorecer o desenvolvimento das potencialidades deles por meio da utilização de diferentes recursos didáticos, sejam eles manipulativos visuais ou verbais,...” (LORENZATO, 2006, p.35).
Mas não devemos considerar o simples acerto, como aprendizagem e sim como um processo da mesma. “Isso porque o acerto dos alunos nem sempre é resultado de compreensão, e porque o simples e o evidente podem ser considerados pelo professor como merecedores de pouco ou de nenhuma explicação aos alunos” (LORENZATO, 2006, p. 39), ou seja, o professor deve estar ensinando todas as etapas ao aluno, mesmo essa sendo considera fácil para o professor, mas para o aluno ainda é novo, e ele precisa dessa etapa para estar fazendo a ponte da significação com os conteúdos. “O que é obvio para alguns pode ser surpreendente para outros. Nas aulas de matemática, quase tudo provavelmente é obvio para o professor e quase tudo é novidade para os alunos” (LORENZATO, 2006, p.40).
Por isso devemos reforçar a idéia de que o professor deve estar sempre ensinando todos os conteúdos significadamente, não deletando nenhuma etapa, pois essa é importante para a aprendizagem do aluno, e para a interação e a significação dos conteúdos, um detalhe apenas pode fazer com que o aluno não compreenda a matéria. Em sala de aula o professor deve estar usando todos os métodos didáticos possíveis para que o aluno aprenda realmente, por exemplo, ensinar o volume da pirâmide quadrangular apenas falando, para alguns alunos essa pode ficar sem sentido, mas se demonstrar após a conceituação, os alunos podem estar percebendo o sentido da fórmula. “Essas situações indicam que nós professores, precisamos sempre ter em conta que o acerto pode camuflar o erro e, também, aquilo que é simples ou evidente, para nós, geralmente não o é para os alunos” (LORENZATO, 2006, p. 42).
Uma das grandes dificuldades encontradas por professores e alunos, é a linguagem matemática, essa pode dificultar a aprendizagem significativa, se os professores não a ensinarem bem. Vários símbolos e palavras ainda são desconhecidos pelos alunos, por exemplo, quando falamos em paralelo, o aluno não assimila o que isso quer dizer com a figura. Mas segundo Lorenzato (2006, p.44) “foi justamente o simbolismo que internacionalizou a linguagem matemática”, ou seja, é esse simbolismo que facilita a compreensão de qualquer matemático, de qualquer parte do mundo.
Mas entre a linguagem existe outro problema que assunta os professores de matemática esse, no entanto, é o que podemos denominar por erro. O erro pode ser visto de várias maneiras dependendo da concepção do professor; mas na maioria das vezes é visto como algo negativo. “Essa tradição social influenciou nos paradigmas educacionais, os quais por sua vez, interferiam na maneira de a escola interpreta os erros dos alunos, referentes à aquisição de conhecimentos” (LORENZATO, p.49). Não era levado em consideração o estado físico e emocional dos alunos, ou desempenho deste em sala de aula. Hoje os alunos são avaliados como um todo, tanto em seu desenvolvimento em sala de aula quanto às avaliações com “notas”.     
O erro também pode ser um suporte ao professor para saber onde esta as maiores dificuldades dos alunos, e com ele ajudar o aluno a não repetir tais aquisições.
Talvez o erro tenha tanta influência, sobre os alunos pois a matemática é uma matéria de acertos, e esse quando não realizado pode denegrir o aluno. Quando se fala em acerto, não se quer falar sobre a matemática ser exata e sim dos exercícios propostos aos alunos. Quando o aluno começa a ver o erro não como algo ruim e sim ferramenta de aprendizagem ele passa a observar a matemática com outros olhos. Lorenzato (2006, p.81) diz que “o emprego da descoberta como recurso didático eficiente para a aprendizagem (...) por reconhecer que aprender é ato a ser realizado pelo aprendiz”.     
No entanto para o professor estar auxiliando o aluno a aprender significadamente os teoremas e pressupostos matemáticos, ele deve ser o primeiro a estar se preocupando com os recursos que ira utilizar, como por exemplo a escolha do livro didático, a demonstração dos significados dos conteúdos para os alunos, reflexão de seus atos em sala de aula, e ao aluno cabe, a atenção e a vontade de aprender, pois de nada adianta o professor estar ensinando significadamente se o aluno não colabora.          
Devemos descartar o senso comum do meio educacional, que Saviani determina da seguinte maneira:
Os alunos freqüentemente formulam aos seus professores a objeção: esse curso esta muito teórico, precisa ser mais prático. Os professores, de modo especial quando se encaminham propostas de reorganização do ensino, de reforma da organização escolar, dos processos curriculares etc., tendem também a responder: isto é teoria, não muda nada, vai ficar tudo do mesmo jeito!

     Professores e alunos devem juntos ter interesse para que os conteúdos de matemática sejam entendidos e ensinados significadamente.
     “Nós professores, temos com vistas às nossas atividades profissionais: a de darmos aula e/ou a de formamos pessoas; a primeira corresponde a uma questão de oportunidade e a segunda, a uma vocação” (LORENZATO, 2006, p.121).

           

REFERENCIAL TEÓRICO
LORENZATO, Sérgio. Para aprender matemática. Campinas, SP: Autores Associados, 2006.
MARTINS, Lígia Márcia. A formação social da personalidade do professor: um enfoque vigotskiano. Campinas SP: Autores associados, 2007.
OLIVEIRA, Paulo E.. educar para a vida. Petrópolis, RJ: editora vozes, 2007.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 36 ediçao. Campinas, SP: autores associados, 2003.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico- crítica. 9 ediçao. Campinas, SP: autores associados, 2005.
WERNECK, Hamilton. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. 15 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Teorema de Pitágoras para deficientes visuais

Este ano estou tendo o prazer de dar aula para o Lucas, um menino encantador e portador de deficiência visual, ele esta na segunda série do ensino médio. O conteúdo desta série é um tanto complexo, pois trabalha-se a parte trigonométrica, bom como de início se faz uma revisão dos conteúdos relembrei com os demais alunos o teorema de Pitágoras e os mesmos fizeram cartazes provando tal teorema. Já com o Lucas fizemos de uma maneira diferente, com caneletas para colocar fio e isopor representei o teorema de Pitágoras da seguinte maneira, a soma do quadrado dos catetos é igual o quadrado da hipotenusa, primeiro mostrei o triângulo que fica entre os quadrados, apontei o ângulo de 90 graus (o que determina o triângulo retângulo), ele tocou os ângulos agudos, após, com o isopores preencheu os catetos, contou quanto deu ao total, logo em seguida tirou os isopores dos catetos e preencheu o quadrado da hipotenusa, "nossa coube tudo", essa foi a frase da descoberta. Esta ideia deu certo comigo, por isso estou aqui compartilhando, os materiais para este tipo de deficiência são escassos, e confesso que não estou muito preparada, mas vou correr atrás e postar aqui as novidades.

quinta-feira, 1 de março de 2012

PAPEL SOCIAL DA ESCOLA


De: Regiane Soethe e Vanessa Mariot Pedro

Ouvimos constantemente, através dos meios de comunicação, cientistas sociais, jornalistas, professores, políticos, entre outros, dizerem que a escola é à base do desenvolvimento de um país. Uma sociedade que valoriza a escola seja ela básica, fundamental, profissionalizante, ou de graduação, englobando – a no amplo conceito de educação, e que traduz essa priorização em clamor social por políticas publicas eficientes, nesta área, estará destinada ao sucesso.
            Segundo Saviani (2003, p. 5) a constituição dos chamados sistemas “nacionais de ensino” data de meados do século XIX. Sua organização inspirou-se no principio de que a educação é direito de todos e dever do estado. O direito de todos à educação decorria do tipo de sociedade correspondente aos interesses da nova classe que se consolidará no poder: a burguesia.
            Ao analisar a história do século XIX, vimos que a colonização da Ásia e da África decorre da política imperialista do capitalismo. No continente europeu, a livre concorrência é substituída pela formação do capitalismo de monopólios, a concentração de rendas e conseqüentes disparidades sociais. Os choques entre as potencias imperialistas culminam no conflito armado na Primeira Grande Guerra (1914-1918).
            Em 1929 vivencia-se o impacto mundial gerado pela quebra da bolsa de Nova Iorque, seguida de falências, retração de mercado e desemprego em massa.
            Na Itália, o fascismo triunfa em 1922 com Mussolini, e em 1933 Hitler fortalece o nazismo na Alemanha.
            Depois da Segunda Grande Guerra (1939-1945) os EUA assumem definitivamente uma posição hegemônica na economia mundial.
            Desde o final do século XIX até a década de 40 aumentam as oportunidades de estudo. Daí decorrem mobilidade e ascensão social, sobretudo para a classe média.
            A burguesia utiliza a escola para impor a sua ideologia ao proletariado e enfraquecer a ideologia proletária, ou seja, atua sobre os trabalhadores de modo que diminua a visão ideológica que eles trazem de sua própria classe.
            Apesar disso, continua a ilusão de que a educação pudesse ser garantia de mobilidade social e de sucesso. Para essa concepção de educação, como forma de democratização da sociedade, muito contribuiu o ideário da escola nova.
            Saviani (2003, p.7) diz que a pedagogia nova começa, pois, por efetuar a crítica da pedagogia tradicional esboçando uma nova maneira de interpretar a educação e ensaiando implantá-la, primeiro, através de experiências restritas; depois, advogando sua generalização no âmbito dos sistemas escolares. 
            Para Bourdieu e Passeron (apud Saviani (2005, p. 69)) a educação escolar é unicamente um instrumento da burguesia na luta contra o proletariado. Em nenhum momento admitem que a escola possa ser um instrumento do proletariado na luta contra a burguesia.
            No entanto o papel da escola é transmitir conhecimentos acumulados e sistematizados pela humanidade para formar cidadãos críticos. Mas será que ela está cumprindo sua função ou está apenas servindo à um sistema comandado pela burguesia que não pretende formar pessoas pensantes?
            Para Saviani (2005, p.70) a classe dominante providencia para que o trabalhador adquira algum tipo de saber, sem o que ele não poderia produzir, se o trabalhador possui algum tipo de saber ele é o dono da força produtiva e no capitalismo os meios de produção são propriedade privada!
            A escola esta inserida em um processo histórico de eminentes interesses sociais, e muitas vezes inteiramente opostos. Dominada pela política que a rodeia, a escola acaba esquecendo do seu papel, que é o de educar pessoas para opor críticas, à sociedade.
No nosso sistema passamos por vários processos capitalistas, como as eleições em geral, o que deveria ser uma conquista histórica e democrática, acaba muitas vezes abalando o sistema escolar, com trocas simultâneas de professores. Com isso acaba afetando direto ou indiretamente a formação de alunos, e esses, no entanto deixando de ser sujeitos históricos conscientes.
Para Saviani (2005, p.14) (...) a escola é uma instituição cujo papel consiste na socialização do saber sistematizado. (...) não se trata, pois, de qualquer tipo de saber. Portanto, a escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não ao saber fragmentado; à cultura erudita e não a cultura popular.
Com isso a escola não apenas contribui para uma democracia em sociedade, mas também exerce uma democracia participativa na própria escola.
Infelizmente os valores que as nossas escolas elegem, refletem na dificuldade em corresponder aos requisitos das mudanças sociais, ou seja, por traz de todo esse sistema existe grupos organizados, com interesses e objetivos muitas vezes diversos, que tendem a exercer o controle sobre a escola gerando efeitos negativos.
Em verdade a escola ainda continua a ser gerida por professores, que são melhores ou piores, mas que estão em certo modo preparados, para o que se diga de passagem, ensinar, e que aos poucos integram saberes à função social da escola.
Vemos então que a educação escolar se constitui numa forma de equalização social e encontramos no professor figura fundamental para que este processo se concretize.
Saviani (2003, p.8) diz que a educação, como fator de equalização social será um instrumento de correção da marginalidade na medida em que cumprir a função de ajustar, de adaptar os indivíduos à sociedade, incutindo neles o sentimento de aceitação dos demais e pelos demais. A educação será um instrumento de correção da marginalidade na medida em que contribuir para a constituição de uma sociedade cujos membros, não importam as diferenças de quaisquer tipos, aceitem-se  mutuamente e respeitem-se na sua individualidade específica.
Entende-se aqui por marginalizados aqueles que são diferentes, ou seja, não tiveram oportunidades de acesso à escola e a um conhecimento mais elaborado.
Nas suas origens a escola tinha essa função de equalização social, mas atualmente torna-se cada vez mais discriminadora e repressiva, evidenciando o seu real papel: reproduzir a sociedade de classes e reforçar o modo de produção capitalista.
Percebe-se então que a escola esta cada vez mais imersa em um sistema que atende prioritariamente à classe dominante, afetando direta ou indiretamente toda a estrutura escolar, principalmente os professores que são os responsáveis pela transmissão do conhecimento.
No entanto a sociedade em geral repassa toda a responsabilidade do fracasso da educação para os professores.
Para Saviani (2005, p.31) não se trata, pois de deslocar a responsabilidade pelo fracasso escolar que atinge as crianças das camadas trabalhadoras para os professores, escamoteando o fato que eles também são vitimas de uma situação social injusta e opressora.
Mas na maioria das vezes encontramos sim professores acomodados em suas aulas presos a um ensino tradicional e não buscam alternativas para um ensino mais significativo, enquanto outros que tentam inovar acabam sendo podados pelo sistema no qual estão inseridos.
Contrapondo isso, Saviani (2005 procurar) afirma que o trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada individuo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.
Daí que, para a educação escolar a pedagogia histórico - critica se propõe a tarefa de:
a)     Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo as suas principais manifestações, bem como as tendências atuais de transformações.
b)     Conversão do saber objetivo em saber escolar, de modo que se torne assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares.
c)      Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas apreendam o processo de sua produção, bem como as tendências de sua transformação. (Saviani 2005, p.9)
Então podemos concluir que a atividade escolar constitui-se na transmissão dos instrumentos que permitem a apropriação do saber elaborado, com a preocupação da aquisição de conteúdos, da formação de habilidades, hábitos e convicções.
Saviani (apud Aranha, 1998, p.220) diz que se a escola não permite o acesso a esses instrumentos, os trabalhadores ficam bloqueados e impedidos de ascenderem ao nível de elaboração do saber, embora continuem, pela sua atividade prática real, a contribuir para a produção do saber.
Por isso é que devemos lutar cada vez mais por um ensino igualitário e pela qualificação dos professores para que estes possam desempenhar o seu real papel na sociedade.       

  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SAVIANI, DermevalPedagogia Histórico Crítica – Primeiras Aproximações. 9. ed. São Paulo: Autores Associados, 2005.

SAVIANI, DermevalEscola e Democracia – Polêmicas do Nosso Tempo. 36. ed. São Paulo: Autores Associados, 2003.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.